quarta-feira, setembro 29, 2004

O Critico Desempregado e a Professora Sem Colocação

Há 10 anos, à beira-mar, nasceu um amor. Um amor à primeira vista... e meia. Porque o destino viu-nos crescer na mesma cidade e na mesma escola, mas foi nas areias douradas da Costa da Caparica que nos olhámos com olhos de ver, pela primeira vez. Não te conhecia, mas reconheci-me em ti: primeiro, nos gostos musicais e, depois, em todas as outras afinidades que fomos descobrindo em conversas que serviam de pretexto para nos continuarmos a olhar. Se hoje a tua beleza tem para mim o peso de 10 anos de intimidade, lembro-me que na altura tinha a apenas a frescura e o impacto de uma obra de arte em que, a cada olhar, se descobre algo de novo para admirar. E assim conheci e fiz minha a mulher que fez de mim o homem que sou hoje. A memória de mim anterior a ti resume-se a estórias que oiço como se lê em livro, naquele limbo de identificação e afastamento da personagem. Hoje, reconheço que dependo de ti para viver. Para o bem e para o mal, este sou eu. Não mudei muito, eu sei, de há dez anos para cá. Continuo este rapazinho de barba por fazer, preguiçosamente racional, tão inseguro quanto arrogante, pragmático e picuinhas, mas que te valoriza e respeita cada vez mais por quem és. Ainda assim, amo-te e odeio-te e amo-te com uma força que eu nunca soube controlar… sempre foi maior que eu, um fenómeno divino ou diabólico que ora me consome ora me alimenta, sem eu perceber como. Percebo, isso sim, que não saberia viver sem ti, mesmo que quisesse. Por isso deixa-me tomar-te nos braços e levar-te comigo para um futuro querido mas incerto, temido e ansiado, em que, pelo menos, possamos continuar a olhar-nos, num sorriso silencioso, como quem se congratula pela sorte que nos calhou em destino de poder beijar para sempre o amor da nossa vida…

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